Analistas repercutem decisão do Banco Central sobre juros

Na próxima quarta (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) irá decidir se deve manter ou não a taxa Selic nos patamares atuais em 13,75%. De acordo com o JP Morgan, é bem provável que o comitê opte por manter a taxa atual sem promover mudanças. O Santander também divulgou relatório em que acredita que o BC irá manter a taxa elevada por um período prolongado.

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco acredita que, por mais que a gente esteja passando por um período de deflação no país, trata-se de um alívio temporário que se dá por conta dessas medidas que proíbem estados de cobrarem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia de 17% a 18% dependendo do local.

"Com todo o temor de recessão global, o BC não irá arriscar baixar os juros para ter que subir novamente caso necessário. Pode ser que, com o governo injetando dinheiro na população por meio de benefícios sociais como o aumento do Auxílio Brasil, é possível vermos os efeitos disso na inflação no começo do ano que vem. Então, acredito que o BC manterá a taxa atual de juros em 13,75% não só nessa reunião como também nos próximos meses", afirma.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, concorda. E acredita que os efeitos da política monetária vão começar a ser vistos um pouco mais para frente.

"O mercado de juros tem trabalhado com esse cenário. Não existe nada que indique mudança de direção em relação a isso. O mercado já viu que os indicadores de inflação estão arrefecendo por conta da redução do ICMS, mas ainda assim acredita que os indicadores de inflação vão começar a responder em breve aos movimentos de alta de juros promovidos pelo BC. Os próprios dados embutidos dentro desses indicadores já começam a sugerir que a alta de preços está arrefecendo. Acredito que não há razão por enquanto para a necessidade de mudança de estratégia de manter a taxa de juros até pelo menos o final do primeiro trimestre do ano que vem", comenta Jorge.

Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, acredita que o BC deve manter a taxa Selic atual em 13,75% também por conta da antecipação da alta de juros no Brasil antes mesmo de países como os EUA, que começou a subir juros há menos tempo que o Brasil. "Estamos confortáveis com os patamares atuais. Lembrando que a inflação no momento está contribuindo para a decisão do COPOM. Em setembro, tivemos uma deflação de 0,29%. Não tem por que, em um cenário como esse, subir mais os juros", afirma Labarthe.

Mas com a Selic atual em 13,75%, quais investimentos valem mais a pena? Para os de curto prazo, segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, é interessante investir em renda fixa pós-fixada atrelada ao CDI, que está em 13,65% por ano. "Já pensando no médio prazo, seria interessante opções prefixadas e que vão continuar em patamares de 14 a 15% por ano mesmo que a Selic caia, o que se torna o investimento vantajoso à medida que o investidor garanta uma taxa acima da média histórica por mais tempo", comenta.

Para Alves, o movimento inicial da inflação no começo de 2023 deve ser de alta com o fim dos incentivos fiscais aos combustíveis a depender, claro, das variáveis do cenário macro externo. Mas, de acordo com ele, essa alta da inflação tende a ser reduzida ao longo do ano com a diminuição, no segundo semestre, da taxa Selic, o que pode gerar uma oferta com preços mais competitivos.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da empresa de educação financeira Escola de Investimentos, acrescenta que a melhor forma de investir em cenários de incerteza é buscar aplicações financeiras mais conservadoras inicialmente e diversificar a carteira aos poucos. “O mercado é irracional muitas vezes e os investidores nunca sabem a hora certa de entrar”, afirma.

Cohen também afirma que é uma boa hora para entrar na bolsa para acumular patrimônio no longo prazo antes que os preços das ações subam para quem tiver perfil arrojado. Na avaliação do analista, a bolsa deve andar para cima após a volatilidade causada pela eleição, depois que os investidores conhecerem a política econômica e fiscal do novo governo.

Uma vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva pode beneficiar os setores de construção, educação e varejo, na análise de Cohen. Já uma vitória do candidato Jair Bolsonaro pode beneficiar os setores de energia e as estatais.

As informações são da assessoria de imprensa.

Fonte: Agrolink

Data: 24/10/2022