Quais são as perspectivas para o mercado da soja?

O cenário segue apontando para preços firmes na CBOT no curto prazo diante da redução da oferta por parte do Brasil e da Argentina devido, principalmente, à estiagem que atingiu a lavoura de ambos os países. Combustível adicional às cotações do grão também deverão vir dos bons preços dos derivados. O preço do óleo de soja atingiu patamares recordes no mês de março como consequência da menor produção de óleo de palma pela Indonésia, pela valorização do biodiesel frente às altas do petróleo e das preocupações com a oferta de óleo de girassol da região do Mar Negro.

Além disso, a Argentina aumentou as retenciones (tributos sobre exportação) do farelo e do óleo de soja de 31 para 33%, o que irá encarecer, e consequentemente, limitar ainda mais a oferta destes produtos.

Por outro lado, a redução dos níveis de importações da China atrelada ao cenário de aumento de área com a oleaginosa nos Estados Unidos poderá limitar as altas adicionais das cotações.

De fato, as últimas estimativas do USDA realizadas no início de abril apontam que as compras chinesas deverão alcançar 91 milhões de toneladas,redução de 8,8 milhões de toneladas frente ao ano anterior. No Brasil, os prêmios em patamares menores em relação ao início de março combinado com a apreciação cambial poderá limitar ganhos adicionais das cotações em Reais. Nesse cenário, para quem ainda possui soja disponível em estoques, é importante se atentar aos custos do “carrego”, principalmente o financeiro.

Acontecimentos recentes:

Os preços da soja no contrato mais curto em Chicago apresentaram desvalorizações entre o início de março e a 2ª semana de abril com a negociação de vencimento em maio/22 apresentando redução de 1,2% no período, fechando a 3ª feira (12/4) a USD 16,7/bu. Os contratos mais longos, no entanto, postaram ganhos no mesmo intervalo de tempo, como o maio/23, por exemplo, cujo preço subiu 2% no período.

O mercado teve como principal influência no último mês o aumento da área plantada de soja nos Estados Unidos na safra 2022/23, ultrapassando as áreas de milho, e atingindo um valor recorde de 36,83 milhões de hectares. Além disso, a China tem movimentado tanto o lado da oferta quanto da demanda do grão com a realização de leilões de soja e com as novas medidas restritivas para contenção do coronavírus no país. Adicionalmente, as importações chinesas seguem inferiores às observadas no ano anterior.

A safra no Brasil foi revisada para cima pela maioria das consultorias de mercado. A StoneX, por exemplo, aumentou suas projeções para a safra de soja
2021/22 em 1 milhão de toneladas para 122,06 milhões de toneladas, aumento de 0,7% quando comparada com a estimativa anterior do início de março. Ainda assim, as estimativas continuam 15,9% abaixo do potencial da safra. No Brasil, a desvalorização das cotações na CBOT atrelada à queda do dólar
contribuíram para a redução dos preços do grão nas praças locais. Em Sorriso, por exemplo, a diminuição desde o início de março é de 8,3% com a saca
comercializada a R$ 160,5/sc em 11/4.

as informações do relatório são do Itaú Agro Mensal.

Fonte: Agrolink

Data: 18/04/2022